Quem é a Depressão?
Depressão - O que é? De onde vem? Como vive? Do quê se alimenta?
A depressão atinge cerca de mais de 300 milhões de pessoas no mundo, segundo Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Foto de Andrea Piacquadio no Pexels |
A gente vai bater um papo sincero sobre a biografia da depressão, pra você entender melhor quem ela é, o que faz todas as manhãs e o que pede na pizzaria.
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) estima que há mais de 300 milhões de pessoas no mundo sofrendo de depressão. Mas, apesar desse número inimaginável (pelo menos, pra mim), será que sabemos o que isso quer dizer?
O que mais me chamou a atenção, foi ainda mais pra frente, onde o site diz que menos da metade das pessoas com depressão, tratam a doença (há países onde menos de 10% dos pacientes fazem tratamento).
Dentre várias razões para a falta de tratamento, ainda se fala muito sobre a falta de informações sobre o transtorno, tanto para portadores, quanto para profissionais da saúde.
E saber de tudo isso me deu mais vontade ainda de apresentar nossa ilustre convidada de hoje. Mas não se preocupe, vou falar direitinho e simplezinho.
Eu entendo que esse assunto não é fácil de digerir - até confesso que, eu mesma, não tinha idéia de quanta gente convive com a depressão, até fazer esse post - então o meu objetivo é afinar esse caldo, mas sem perder sustância.
Eu peguei como base as informações do site da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que, de acordo com o site oficial, "Atua como escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para as Américas e é a agência especializada em saúde do sistema interamericano.", e algumas informações do portal do Dr. Drauzio Varella, que atua como comunicador na área da saúde desde 1986.
Eu encontrei informações de várias outras fontes, mas não havia muitas diferenças sobre as definições da doença, então preferi seguir o que se tem de oficial até a data em que escrevo esse post, e mais algumas informações que achei no portal do Dr. Drauzio Varella, que normalmente utiliza uma linguagem mais acessível nas publicações.
Recomendo que leia também os conteúdos dos sites que estão contidos no meu texto, para informações mais detalhadas sobre a depressão.
O que é? - definições e tipos
Segundo o site oficial da OPAS, a depressão é "um transtorno mental caracterizado por tristeza persistente e pela perda de interesse em atividades que normalmente são prazerosas, acompanhadas da incapacidade de realizar atividades diárias, durante pelo menos duas semanas. ". Mais a frente, são citados alguns sintomas, como perda de energia, mudanças no apetite, aumento ou
redução do sono, ansiedade, perda de concentração e indecisão.
" - AI, MEU DEUS! ENTÃO TODO MUNDO TEM DEPRESSÃO?!"
" - QUEM TEM DEPRESSÃO NÃO CONSEGUE FAZER NADA?"
Pááááára tudo!
As respostas são: NÃO! E não necessariamente.
Calma aí, porque tem MUITA coisa aí pra mastigar.
Lembre-se que a depressão é uma doença, então não se trata sobre um dia ou outro em que o ônibus "atrasou", e você chegou tarde no trabalho, aquela semana que você ficou triste porque perdeu o celular, e nem aquele dia que você teve vontade de mandar o seu chefe pra uma linda ilha a sua escolha.
Em outra página sobre a depressão, a OPAS ainda diz que "Ela pode causar à pessoa afetada um grande sofrimento e disfunção no trabalho, na escola ou no meio familiar. ".
Como portadora de depressão, eu diria que "sofrimento" é a melhor definição.
A depressão é um sofrimento constante, que não fica somente com a tristeza ou com o choro. Esse sofrimento faz com que as pequenas coisas passem a custar muito caro.
Conseguir sair de casa pode passar a ser um desafio, se olhar no espelho pode se tornar um sacrifício, o foco em algo rotineiro do trabalho pode se tornar muito difícil, pensamentos negativos podem ficar voltando a todo momento, coisas que eram divertidas se tornam indiferentes, enfim.
De alguma forma, a depressão sempre arruma um jeito de mandar a nossa querida amiga Esperança embora.
De onde vêm (causas e diagnóstico)?
Agora que já te mostrei a cara da depressão, deu pra perceber que ela gosta de se hospedar em pequenos lugares, mas com longa estadia. E como ela pega carona com diversos sintomas diferentes, ela pode ter vários pontos de partida.
Para saber de onde a depressão iniciou a viagem, é preciso consultar informações de um banco de dados enorme, onde ninguém, além de você, consegue se cadastrar para ter acesso: a sua cachola.
Neste banco de dados má-rá-vi-lhooooooso, há váááários itens que precisam ser analisados: acontecimentos marcantes, traumas, manias, outras doenças que podem gerar sintomas de depressão, uso de medicamentos (com ou sem relação com a depressão), consumo de drogas (lícitas ou ilícitas), dieta, hábitos de atividade física, etc.
Além de tudo isso, de acordo com o portal do Dr. Dráuzio Varella, "existem fatores genéticos envolvidos nos casos de depressão", mas a redatora e revisora Maria Helena Varella Bruna complementa dizendo que nem todas as pessoas com predisposição genética reagem da mesma forma aos gatilhos que levam a crises na depressão.Ou seja, podem existir fatores genéticos que geram uma predisposição à depressão, que disponibilizam um quarto bem arrumadinho para visita. Mas nem sempre a depressão escolhe o cômodo de destaque, e as causas da depressão podem não ser as mesmas para todos os descendentes.
Com várias origens possíveis, é fundamental procurar um profissional da saúde para o diagnóstico - não é você quem faz isso sozinho ou sozinha.
O profissional responsável identificará se a depressão já chegou na instalação, se o quarto está arrumado, só esperando a ilustre visita, ou se a depressão nem passou perto e há outras causas para os sintomas que o paciente apresenta.
Então sempre tire todas as suas dúvidas, se necessário, procure mais de um profissional para um diagnóstico correto.
Como vive (sintomas)?
Eu, por exemplo, não conseguia me levantar da cama, assim que acordava para ir trabalhar.
E sim, eu também pensei que poderia ser preguiça, vagabundagem ou falta de vergonha na cara. Mas chegou o dia em que eu dormi por 15 horas seguidas, e não consegui me levantar da cama para trabalhar do mesmo jeito.
Então eu mudei a minha rotina, mudei minha dieta, dormi mais cedo, fazia higiene do sono, parava de mexer no celular ou de ver TV uma hora antes de dormir, praticava atividade física, tomava chás aromáticos, mais cheirosos do que eu, quando tomava banho, e tudo o que você possa imaginar.
Mas, dentre MUITOS benefícios que tudo isso me trouxe, eu ainda não conseguia me levantar da cama pra ir trabalhar.
Não era como se eu acordasse, olhasse pro relógio e dissesse "- mmmffsss deixa eu dorm..ir...zzzzzz...". O alarme tocava, eu abria os olhos - ou não - e apoiava meus braços na cama para tentar me obrigar a levantar. Em seguida, literalmente, caía de cara no travesseiro e apagava, debruçada na cama. Isso se repetia por, pelo menos, uma hora, todos os dias.
Quando eu fazia o alarme tocar mais cedo, pra compensar o tempo dessa luta, eu nem sequer lembrava de ter desligado o alarme, e acordava somente horas depois.
E essa novela de horário nobre aconteceu comigo por, pelo menos, vinte anos.
Isso mesmo, esse era o meu drama pra levantar da cama, praticamente, minha vida toda. E ninguém nunca achou isso estranho por muito tempo - inclusive eu mesma.
Tudo o que me falavam é que eu era relaxada, folgada, irresponsável, preguiçosa, vagabunda e derivados. E eu também acreditava em tudo isso, até descobrir que essa história tinha nome: sintoma.
" - Ah, mas e daí que você chegava atrasada?".
É, pode não parecer relevante. Mas pense que pra mim, que não conseguia acordar quando precisava, isso me impedia de conseguir muitas outras coisas que eu me esforçava horrores pra que acontecessem.
Quantas pessoas eu desapontei pelo meu atraso? Quantas pessoas foram prejudicadas pela minha ausência? O que eu poderia ter feito pra ajudar alguém, se eu estivesse acordada? Como eu poderia ter usado aquela energia, que estava sendo usada para brigar com o meu travesseiro, para algo útil pra mim, ou para outras pessoas?
No fim das contas, esse sintoma, que pode parecer algo completamente insignificante, me fazia ser incapaz de alcançar o que eu queria. E pense o quanto eu poderia ter ganho se eu não tivesse que lutar pra conseguir ficar de pé todas as manhãs.
Esse foi um exemplo de vários outros sintomas que eu tive, mas eu escolhi esse pra te mostrar que um sintoma de depressão não acontece só em um dia ruim, de vez em quando. Um sintoma é uma indicação de que alguma coisa está fora do lugar, e o sintoma não vai parar de te atazanar, até que você atenda o pedido.
Do quê se alimentam (tratamentos)?
Com sintomas diferentes, causas diferentes, os tratamentos também variam de acordo com a necessidade do paciente.
Há casos em que somente a psicoterapia é suficiente, sem necessidade de intervenção com medicamentos. Há casos em que é necessário o uso de medicamentos, mais a psicoterapia.
Eu falo sobre minha experiência com a psicoterapia aqui.
Ah! O profissional psiquiatra é quem receitará qualquer medicação. Psicólogos não podem receitar medicações.
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