Oi, Depressão! Tudo bem?
O primeiro contato
A depressão pode apresentar sinais leves no início da doença, que são confundidos com desconfortos emocionais passageiros, que não nos impede de continuar uma rotina normal. Foto de Andrea Piacquadio no Pexels
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O meu caso de depressão se iniciou precocemente. Mas eu não sabia disso até meus 24 anos.
A primeira vez que senti que havia algo de errado comigo aconteceu durante minha pré adolescência, mas eu não queria saber o que era. Por que? Porque a minha cabeça de aspirante de adolescente ainda não sabia que algumas doenças poderiam afetar o meu comportamento. E também porque as pessoas me diziam que as minhas doenças eram: má vontade, preguiça e teimosia.
Até que, em algum dia enquanto tirava o pé da minha infância e começava a pisar em solo adolescente, eu levantei da cama e não queria mais saber de falar com ninguém.
Passei de tagarela que contava até sobre o pum que soltou na sala de aula, para uma pré adolescente que fugia quando alguém lhe dirigia a palavra, ou simplesmente emitia qualquer som como "Aham..." ou " É.".
E essa transformação repentina não tinha nenhum motivo aparente.
Mas havia um detalhe que, se eu tivesse percebido naquela época, poderia ter mudado a minha história inteira. Nas raras vezes em que eu falava sobre isso, me diziam que era só timidez.
E foi aí que percebi alguma coisa estranha acontecendo, porque eu não me sentia nervosa por ter que interagir com alguém, eu sequer chegava nessa fase.
Não era o ato de falar que me incomodava, eram as pessoas à menos de dez metros de distância de mim, que me incomodavam.
Então passei a me isolar, a ficar trancada no quarto sem dar qualquer sinal de vida. Evitava, à qualquer custo, o contato com as pessoas.
Amigos? Só depois que tive acesso à internet, o que aconteceu bem mais tarde do que a maior parte das pessoas que eu conhecia, por motivos financeiros (e mesmo assim, 5 pessoas era um número um tanto baixo, se comparado com a imensidão de pessoas conectadas à internet). Visitar os parentes? Ninguém nem sabia mais como era a minha cara. Festas? Jamais! Eram o meu pior pesadelo.
E fiquei isolada com meus próprios pensamentos, por um bom tempo. Vários anos se passaram, e aquela falta de vontade de falar com as pessoas, foi crescendo junto comigo: não tinha mais vontade de conversar, não tinha mais vontade de conhecer pessoas novas, não tinha mais vontade de sair do meu quarto, não sentia vontade de sair da minha cama e chegou até o ápice onde eu não queria fazer mais nada por mim mesma.
E ainda tinha a minha ansiedade geniosa, que passou a ficar com ciúmes e querer comandar a parada - o que eu já disse que vou contar depois.
E foi essa lambança toda de sintomas aparecendo e crescendo, somados aos julgamentos sem fundamentos das pessoas que me conheciam, multiplicados pela falta de informação de todos os envolvidos - inclusive eu mesma - que me levou à ficar travada na minha própria cama como uma batata, para aí sim procurar por ajuda profissional.
Será que vacilei?
Falando desse jeito, parece até uma grande pisada no tomate não ter procurado ajuda profissional naquela época, quando eu era pré adolescente. Mas são justamente esses tipos de julgamentos que fazem com que as pessoas não procurem ajuda.
Como assim???
E é aqui que eu queria te mostrar que quem tem depressão não recebe uma apresentação com passo a passo de como ligar ou desligar a depressão dentro da própria cabeça.
E mesmo que um portador ou uma portadora de depressão saiba que tem a doença, isso não significa que essa pessoa vai apertar um botão e ativar o piloto automático até um psiquiatra ou um psicólogo mais próximo.
Então, o que fazer?
Existem vários tipos de depressão, vários sintomas diferentes e diversos tratamentos para cada caso, para cada paciente.
Ao invés de julgar essas pessoas, é preciso ajudar a entenderem a importância de se tratarem, mesmo que pareça óbvio para quem está do lado de fora. Se alguma pessoa tivesse me levado a sério no passado, tenho certeza que tudo teria sido diferente.
E você? Conhece alguém com depressão? Talvez o meu relato possa ajudar.
Agora que leu esse post, você pode ser o alguém que está faltando na vida de uma pessoa com depressão. Você tem depressão? Espero que eu tenha te ajudado de alguma forma. 😊
E a dica de hoje é: não adianta ficar se lamentando hoje, por coisas que você não sabia no passado. É fácil refazer um plano hoje, sobre rameladas que você deu lá atrás, agora que já aprendeu com o erro e já sabe em qual copo estava a moeda.
É claro que essa percepção não tira a sua responsabilidade pelas coisas que já fez ou deixou de fazer, mas cobrar o seu Eu do passado por saber algo que o seu Eu do presente sabe, não vai fazer você voltar no tempo para fazer diferente.
Obrigada por ler até aqui. Você já me faz muita diferença!
Um abraço e até a próxima! 🤗🙋
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